Hoje é dia das mães. Hoje? Somente hoje? Claro que não. Mãe é para todos os dias, todas as horas, todas as situações. No entanto, se o segundo domingo de Maio é destinado a celebrar a vida delas, não há motivos para não fazê-lo.
Reza a lenda que a mais antiga comemoração ocorreu na Grécia antiga, onde os povos celebravam Reia, a mãe dos deuses. Várias são as histórias que justificam a especificação desse dia e diferentes são os dias em que muitos países resolveram colocá-lo no calendário. Mas isso não vem ao caso agora. Quero mesmo é falar da minha mãe.
Ela foi e é a pessoa que mais sofreu e tem sofrido com isso tudo que tem me acontecido. E, em contrapartida, é também o ser que consegue acalmar meu coração mesmo quando o dela bate mais forte que o meu. Minha mãe pouco sabe de medicina, mas entende tudo (ou quase tudo) de quimioterapia, remédios, alimentos que aumentam a imunidade, fatores de risco para infecção e por aí vai.
O trabalho dela ao meu lado é comovente e não pensem que isso tem ocorrido somente agora... só porque estou com câncer. Minha mãe é uma incansável quando o assunto é minha felicidade, a de Lucas e Maria Theresa. Lembro-me quando éramos crianças e ela passava horas nos ensinando as tarefas do colégio, preparando nosso alimento, arrumando nossas coisas. Muitas vezes, era tarde da noite e ela estava lá fazendo suas atividades porque havia passado o dia inteiro se dedicando a nós, suas crias amadas. Vivemos no aconchego da sua proteção durante anos, até criarmos asas e alçarmos nossos próprios vôos. O tempo passou, crescemos, ficamos cada dia mais independentes, mas jamais deixamos de ser os filhotes dela.
Hoje, mais do que nunca, vivo sob a tutela da minha mãe... Junto com meu pai, ela tirou licença de seu trabalho para se dedicar inteiramente a mim. E não tem feito feio. Por mais que eu seja maior de idade, por mais que consiga me virar sozinha, por mais que assuma meus próprios atos e por mais independente que seja, sem ela agora seria impossível.
Mãe, obrigada por tudo... porque, sem clichê, além da vida, você me deu vida. Só eu sei como é bom ter você para afagar minha cabeça, fazer minha vitamina pela manhã, pegar-me no colo e me ninar quando o dia está mais escuro que a noite. Quando estou lá na sala da Verinha procurando uma veia, sei que você sofre mais que eu, que levo as furadas. Quando estou cansada, sei que você me daria todas as suas forças físicas se pudesse. Quando penso em desistir, você se vira, mas me dá coragem para seguir em frente.
Obrigada por ter me ensinado a respeitar o próximo, por ter me dado educação, por ter pago meus cursos, por ter comemorado como ninguém quando passei no vestibular, por ter me ensinado a cozinhar, por ter me dado exemplos que jamais esquecerei. Obrigada, até mesmo, pelos puxões de orelha que, por sinal, não foram poucos. No entanto, hoje vejo que aquelas lágrimas derramadas nos castigos me fizeram uma pessoa que aprendeu a ter limites, coisa rara em muitas crianças nos dias de hoje.
Obrigada pela família que me deu... e pelo exemplo de casamento que você e dad nunca deixaram desabar. Obrigada pelos meus irmãos... por sermos pessoas dignas e unidas. Sem seu carinho de mãe, aquele tão fascinante e que nunca se esgota, talvez não seríamos assim.
Obrigada pelo seu imenso amor... um amor que não mede esforços para me vir bem, curada, feliz. Seu amor é mais forte que qualquer quimioterapia e o melhor: não é mielotóxico! Fique sempre perto de nós... com seus dramas, com suas virtudes e defeitos, tornando tudo mais fácil.
Mãe, e se agora alguém me perguntar em qual lugar mais gosto de estar, não terei a mínima dúvida em dizer que é dentro do seu abraço... que é sempre quente e seguro. Nele, não ouço o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, ele fica ainda melhor. Toda dúvida, sofrimento e tristeza se dissolve quando estou envolvida em seus braços... assim como fazia quando eu era pequenina.
Amo você.
Bjo, bjo, bjo.