quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Voltando...

"Quando eu era jovem, tentei me matar várias vezes. Mas aí percebi que cuidar do próximo é a melhor maneira de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor."
Patch Adams

Hoje meus plantões recomeçaram... resquícios ainda do semestre passado. No entanto, é tão bom, tão bom, tão bom fazer aquilo que nos agrada, que não dá para reclamar do fim antecipado das férias. Tudo bem... acordar cedo não é muito legal, nem perder horas de sono, nem ficar sem o almoço da mãe, mas tá valendo... hahaha!


Que venha o internato!

Bjo, bjo, bjo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Simplesmente, divirta-se

Depois de viver tantos altos e baixos e de ter escutado que o sofrimento nos faz crescer, cheguei à conclusão de que não temos muitas saídas diante das adversidades da vida: precisamos aprender a conviver com nossas irrealizações e aproveitar essas "oportunidades" para amadurecer. 
Amadurecimento... estado tão almejado por tantos hoje. Para mim um dos sintomas desse processo é o resgate da nossa jovialidade, só que não a jovialidade do corpo, porque isso só se consegue até certo ponto, mas a jovialidade do espírito, tão mais prioritária. 
Você é adulto mesmo? Então pare de reclamar, pare de buscar o impossível, pare de exigir perfeição de si mesmo, pare de querer encontrar lógica para tudo, pare de contabilizar prós e contras, pare de julgar os outros, pare de tentar manter sua vida sob rígido controle. Simplesmente, divirta-se.
Não que seja fácil. Enquanto que um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento aos hábitos cotidianos, a leveza do espírito requer justamente o contrário: a libertação das correntes. A aventura do não-domínio. Permitir-se o erro.
Não se sacrificar em demasia, já que estamos todos rumo a um mesmo destino, que não temos todas as certezas se é espetacular. É preciso perceber a hora de tirar o pé do acelerador, afinal, quem quer cruzar a linha de chegada?
Mil vezes a travessia.
Dia desses vi uma mulher revoltada, baixo-astral, carente de frescor, e fiquei imaginando como deve ser difícil viver sem abstração e sem ver graça na vida, enclausurada na dor. Ela não estava me xingando, e sim manifestando sua contrariedade em relação ao universo, apenas isso: odiava o mundo. Não a conheço. Pode sofrer de depressão, ter um problema sério, sei lá. Mas há pessoas que apresentam um quadro depressivo e ainda assim não perdem o humor nem que queiram: tiveram a sorte de nascer com esse refinado instinto de sobrevivência.
Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? 
Creio que muitas vezes nos apegamos desesperadamente a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria "má sorte", num processo de vitimação que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?
Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.


Cresça e amadureça!

Bjo, bjo, bjo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Bepantol e suas mil maravilhas


Muito se tem falado do Bepantol, não é verdade?  No começo a marca era apenas uma pomada contra assaduras de bebês, mas acabou conquistando mulheres de todo o mundo por ter inúmeras utilidades. Hidratar os lábios e a cutícula com o produto virou hit e hoje a empresa já conta com inúmeros produtos que facilitam nossa vida. Bepantol Derma veio para ficar.



Particularmente, sou fã do Bepantol há tempos, mas durante a quimioterapia ele foi um dos meus queridos companheirinhos. Nas versões solução e creme, servia para quase tudo: 
1. Hidratar lábios, em especial no período mucosite.
2. Hidratar a pele que fica muuuito seca com a quimio (joelhos, cotovelos e calcanhar principalmente).
3. Acelerar a cicatrização de processos cirúrgicos, machucados e queimaduras.
4. Amolecer e hidratar cutículas antes de fazer as unhas.
5. Melhorar a aparência na região dos olhos, diminuindo olheiras (ainda mais quando a noite não foi bem dormida).
6. Clarear áreas que porventura ficaram escuras com a quimio.
7. E agora, com a volta dos cabelos, hidratar e fortalecer os fios. Tem mais: o Bepantol estimula a pigmentação, desacelerando o aparecimento de cabelos brancos.


Receita de Hidratação Capilar com Bepantol líquido

Ingredientes:
5 ml de Bepantol Líquido
1 colher de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de hidratante específico para seu tipo de cabelo

Modo de Usar:
Misture todos os ingredientes em um reservatório e aplique no cabelo limpo. Massageie o couro cabeludo e os fios, deixando agir por aproximadamente 40 minutos. Enxague e penteie como de costume.
Caso o cabelo esteja muito danificado, acrescente à mistura 1 colher de queratina líquida e use touca térmica. Para potencializar os resultados da hidratação, finalize o processo com secador, utilizando algum produto termo-ativador ou defrizante.
Para quem já fez quimioterapia, hidratar o cabelo é fundamental para os novos fios nascerem saudáveis e bonitos. Por isso, acrescento mais algum produto quando vejo necessidade. Ultimamente tenho usado muito o Óleo de Argan e super recomendo. Hidratação máxima e muito brilho.


Bom e barato!

Bjo, bjo, bjo.




Retorno Médico

Semana passada estive em São Paulo para mais um retorno médico. Depois do momento tensão imposto pela realização dos exames, era hora de confirmar se estava, de fato, tudo bem. Bom, quem vive a mesma situação sabe que na noite anterior nem o sono é o mesmo. Fica sempre aquela insegurança residual e o medo de alguma surpresa indesejada. Acho que permanecemos com essa sensação durante muito tempo ainda, se é que um dia conseguiremos fazer um exame, por mais simples que seja, tranquilos.
Comecei 2013 com ótimas notícias: todos os resultados satisfatórios, nenhum exame alterado, nenhuma captação nova, nenhum crescimento das lesões antigas. Tudo estava da mesma forma de 6 meses atrás, quando terminei a quimio. E os pulmões? Liiiimpinhos e lindos na TC... hahaha!
Continuarei firme e forte com a quimio oral, mas o que é isso para quem já tomou tanta medicação venosa? É mais que necessário que eu continue indo bem nessa fase e que meu organismo receba bem a medicação oral. Aumenta a chance de cura definitiva e diminui os riscos de recidiva e metástase.
É redundante dizer que tudo isso é um grande alívio, um avião tirado das costas. Retorno agora só daqui 2 meses. Bom também foi encontrar meus amigos, o pessoal do hospital e meus queridos médicos.
Olhar para aquilo tudo e saber que a cada dia todos aqueles momentos ruins estão ficando cada vez mais no passado é muito confortante. E que assim continue, por muito e muito tempo. Aliás, que dure para sempre...



Que assim seja. Amém.

Bjo, bjo, bjo.


Bom dia!

Happy day! Tenham uma ótima semana...



Deus, obrigada por tudo!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Saudade

Bater o dedinho do pé na ponta da mesa dói. Ter pedra no rim dói. Morder a língua, torcer o tornozelo e trancar a mão na porta doem. No entanto, o que mais dói é a saudade. Saudade dos irmãos que moram longe. Saudade da cachoeira da fazenda da minha avó que marcou minha infância. Saudade da fruta que não consigo comer mais. Saudade do amigo imaginário e das pessoas que nunca existiram. Saudade de uma cidade, de um lugar, de uma paisagem. Saudade de mim mesma, quando eu tinha menos problemas e mais coragem para enfrentar o que estava aí.
Doem essas saudades todas. Mas há algum tempo tenho percebido que minha saudade mais dolorida é aquela que se refere ao tempo em que eu podia, tranquilamente, planejar um futuro distante. Ontem e hoje passei muitos momentos com meus ex-colegas de faculdade e os vi traçarem com segurança suas vidas. Formar daqui 1 ano, trabalhar, viajar, casar. De tudo que a doença pôde levar de mim, acho que isso é o pior: desde que descobri que estava doente de novo não consigo criar projetos a longo prazo. E sempre que tento fazer isso, uma luzinha se acende e diz: vá com calma. Confesso que não tem sido fácil viver assim, nessas idas e vindas a médicos e hospitais, nessa insegurança que é nossa vida depois de um problema grave de saúde. 
Nessa semana tenho exames e consultas. Quem está ou esteve doente sabe exatamente do que estou falando. Daquela angústia que gira em torno de nós nesses dias. Do medo das coisas não estarem bem. Do terror que é ficar esperando seu médico olhar o exame e do imenso alívio que é ouvir que está tudo bem. Por mais que tudo esteja tranquilo, seu pé está lá no freio toda vez que se pensa em acelerar. De verdade, viver dessa forma é martirizante. Não ter paz é a pior coisa que existe.
E é disso que eu tenho tido mais saudade. De viver como sempre desejei... sem medo de construir planos e vê-los desmoronar na minha frente a qualquer instante. Sei que nossas vidas não caem somente diante de um problema de saúde. Seria infantil pensar assim. Mas no meu caso, meu castelo de areia atual é esse. E como dói viver com sua instabilidade. E enquanto não posso me dar ao luxo de certos prazeres, vou vivendo como posso: um dia de cada vez. Sem mais.




Amigas lindas, que o internato de vocês seja maravilhoso. Que 2013 seja incrível... sei que o coração de vocês está cheio de sonhos. Vivam isso da melhor forma possível. Sejam as melhores. Façam planos e se empolguem nessa aventura que é viver sem medo do amanhã. 
Saudade. Saudade. Saudade.

Bjo, bjo, bjo.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Oh cabelo, cabelo meu...

Os cabelos curtos estão super em alta e são tendência na temporada de verão. Por esse ou outro motivo, já foram adotados por famosas e meras mortais em todo o mundo.
O estilo foi hit nas décadas de 50 e 60, quando apresentado ao mundo pela modelo Twiggy, ícone da moda e dona de um dos rostos mais marcantes da época, e por Audrey Hepburn, a queridinha dos cinemas. O corte, que ganha cada dia mais adeptas no Brasil, como a atriz Débora Falabela, faz a cabeça de diversas famosas internacionais. Michelle Williams, Emma Watson, Halle Berry e Anne Hateway são algumas das estrelas que aderiram ao corte e passaram a exibir a praticidade do visual em grandes eventos.
 








Ok... no meu caso não foi opção, mas ando in love com meus cabelos curtos. Ainda mais nesse calor! E já que para mim não há muita alternativa, o caminho é ser feliz com o que tenho... hahahaha!




Da série: Fiz quimioterapia e tô na moda!

Bjo, bjo, bjo.


 
 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo

Em 2012 eu venci uma das doenças mais temidas do mundo. Olhando para trás, um filme com vários enredos e personagens passa em nossa cabeça numa fração de segundos. Do momento da suspeita à última dose de quimioterapia. Do primeiro enjôo à glória do tratamento de manutenção. Do primeiro amigo que se foi ao que está do seu lado, agora, curado. Do primeiro fio de cabelo que caiu ao primeiro que nasceu. Quem passou ou passa por um drama pessoal desse consegue vislumbrar a vida de uma maneira muito diferente. Tudo e todos ganham formas especiais e cada batida do coração não é somente uma batida do coração. É vida!
Nesse ano, experimentei todo tipo de sentimento: revolta, medo, angústia, alegria, conformação, dever cumprido. Tudo isso junto e misturado e, se há 1% de chance, isso já é suficiente. Estatísticas caem por terra quando o grande alvo é você. Números só existem para os outros... jamais vou esquecer as palavras abençoadas de Petrilli: para você é 100%! E já que falei dele, não posso deixar de comentar que anjos também torcem para o Corinthians e têm olhos azuis.
Durante muitos momentos, perguntei o motivo de estar doente mais uma vez. No entanto, para muitas perguntas, as respostas só vieram algum tempo depois, quando descobri que se é possível ser feliz mesmo com o diagnóstico de um câncer. Não fui a primeira nem vou ser a última a viver assim. Perdi período na faculdade, atrasei minha formatura, ficarei mais um semestre na vida acadêmica, mas, no quesito vida, me tornei doutora muito antes de alguns dos meus professores, que se formaram médicos apenas convivendo com os livros. Medicina, definitivamente, não é isso.
Quando eu soube que estava com metástases múltiplas de um tumor ósseo, imaginei que minha vida estava acabando ali no consultório médico, diante daqueles que têm a missão de nos salvar. Me enganei... O medo da morte ilumina a vida, meus amigos. Pode parecer loucura, mas o que eu aprendi numa sala de quimioterapia talvez jamais aprenderia numa sala de sala... Respeito, força, coragem, determinação, alegria: ingredientes que me fizeram acreditar que nada é impossível.
Lutei, lutei muito, muito mesmo para estar aqui hoje. Sofri, chorei, desesperei, mas no dia que acaba, todo esse sofrimento também fica no passado... E nada foi em vão. E nada jamais será em vão quando passamos a reconhecer o grande mistério da existência. Coisas pequenas devem ser sempre coisas pequenas. E as grandes, grandes! Uma vida é o que há de mais rico. Um ser humano é o que há de mais original. Surgem e nos atropelam tantas vidas, tantas pessoas para sempre inacessíveis, desperdiçadas em seu talento, em seu potencial transformador, em sua capacidade de nos emocionar. A esmagadora maioria delas passa e não fica. São flashes do olhar. Agarremo-nos, pois, às que ficam, permanecem, são reconhecíveis pelo nome e pelo trajeto percorrido em nós. Aproveitemos o material humano de que dispomos: família, amigos e amores. Escassos, raros e profundamente necessários.



Que 2013 seja feito de saúde e paz.

Bjo, bjo, bjo.