quinta-feira, 10 de maio de 2012

Vamos subir, hemoglobina!

Nesta semana vivi uma avalanche de emoções... Na terça-feira, tive consulta para planejamento de um novo ciclo de quimioterapia e início da radioterapia. Uma consulta normal, como estou acostumada a fazer nesse dia da semana.
Entretanto, meu hemograma estava uma pobreza só. Plaquetas baixas, leucócitos mais ou menos (Granulokine e seus efeitos fantásticos, por onde andou em meu corpinho?), hematócrito deplorável e hemoglobina... aaahhh, minha hemoglobina: 6! Isso mesmo... 6... uma verdadeira tragédia. Nesse momento, entendi o motivo da frequência cardíaca de 175239 batimentos por minuto, a fraqueza nas pernas ao subir meio lance de escada, tontura e sensação iminente de desmaio. Tudo isso junto e misturado. Resultado: quimio adiada e, de quebra, 2 bolsas de sangue para me levantar, definitivamente, desse estado "Jeca Tatu".
Mais uma vez, precisaria de uma veia, aliás, de um veião para transfundir. E aí... OMG! Coitada de Verinha... hehehe! Contando com a ajuda mega especial de Ju Pepe, bingo! De primeira, ela conseguiu um acesso e, na terça mesmo, comecei. Com muito custo, depois de 4 horas, 80% da primeira bolsa desceu, vencendo o prazo.
Como já era tarde da noite na terça, a segunda bolsa ficou para ontem. Óbvio que guardei o acesso, mesmo sabendo que ele já tinha dado todos os sinais de falência. Não foi diferente... na hora de lavar o acesso, veio aquele choque e "splash"... adeus, veia! Aí começou um dos maiores dramas que vivi no GRAACC.
Após inúmeras tentativas (inúmeras mesmo, sem drama), depois de Verinha pegar muita veia excelente e ela estourar, depois de Ju e Ana também tentarem, depois de quase 3 horas de tentativas frustradas e depois da decepção e desespero de todo mundo e dos meus braços não oferecerem mais nenhuma opção, não restava mais nada a fazer. Chorei, mãe chorou, pai ficou calado... as meninas da enfermagem não sabiam nem o que dizer. Todos esgotados.
Por fim, a médica plantonista me mandou para casa, depois que meu exame apontou uma subidinha da hemoglobina (não foi lá aqueeeela subida), mas foi o suficiente para eu ficar menos taquicárdica e mais animada, sem a sensação de ter corrido uma maratona inteira quando, na verdade, dei dois passos.
Hoje, Dra. Carla (ela, sempre ela), com toda tranquilidade do mundo, com seu olhar sereno e confiante, me liberou da segunda bolsa. E não pensem que foi uma atitude irresponsável dela... muito pelo contrário. Carla Renata Macedo sabe muito bem o que faz e não houve, até hoje, um momento em que suas decisões não fossem certeiras. Adoro demais. Quero ser assim quando crescer.
Estou bem, aliás, estou ótima. A notícia de que eu não precisaria da segunda bolsa de sangue foi recebida com muita felicidade (haja coração) por todos. Alegria geral... hehehehehe! Com beijos e abraços. Porque caso contrário... aiai! hehehe... Tome de picadas infrutíferas!
No entanto, quero deixar registrada aqui a imensa gratidão que tenho pela equipe de enfermagem do GRAACC. Uma equipe que, apesar de dispensar comentários, não vou deixar de fazê-los.
Sempre acreditei que, quando uma pessoa se dispõe a fazer algo, ela tem que realmente entrar no jogo. E eu vejo isso todos os dias no hospital. As meninas da enfermagem entram no clima mesmo... porém não é no clima ruim de um hospital do câncer. Pelo contrário... para ser bem sincera, é difícil você lembrar que está gravemente doente quando é recebido às 6 da manhã com um sorriso no rosto, com um abraço sincero, com um olhar que cura. Ontem fiquei emocionada com o carinho delas... minhas enfermeiras queridas, que me fizeram chorar de gratidão ao final de um dia difícil. Muito mais que enfermeiras, elas são minhas amigas, pois torcem por mim e se alegram com minhas vitórias como se fossem delas também. Se eu sofro, elas sofrem e ontem, tenho certeza, se alguma delas pudesse, me doaria a melhor veia que tem. A quimioteca é um ambiente que tem de tudo para ser triste, mas é super feliz... e isso se deve à elas, sem sombra de dúvidas, pois fazem questão de serem agradáveis. Tenho aprendido muito nesses meus dias a ser um pouquinho melhor. E tenho tido mestres incríveis.



Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se! Não precisa virar um mestre nesse quesito, mas ao menos agracie seus semelhantes com um sorriso. Não dói. Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.
Ou então faça de outra maneira: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.
Enfim, seja mais um a colaborar para melhorar um pouco a vida do outro e a sua própria.

Bjo, bjo, bjo.

12 comentários:

  1. Arrepiei!!!! Você está demais, hein? Lindo demais seu texto. Aliás, lindos demais seus textos. Todos! E ainda bem que existem as enfermeiras santas para nos ajudar em todos os momentos, né? O que seria de nós, sem as mãos de fada e o carinho delas? :) Amo! Adoro! E só não te adoro mais, pq vc sabe, né? kkkkkkkkkkkkkk Mil beijos! Inté sábado! (se eu não te ignorar!kkkkk)

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    1. Máááá, não me ignore, please! hahahaha...
      De fato, o que seria de nós sem nossas santas enfermeiras. Tenho verdadeiros anjos ao meu lado, com suas mãos de fada, com seu carinho, com sua paciência para me aturar todo santo dia!
      Até sábado, depois do shopping, quando chegaremos abalando... kkkkkk
      Bjoooos.

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  2. Renatinha,
    Estive com seu tio Emerson hoje!
    E recordei-me de enriquecer-me de ti, das tuas experiências.
    Em harmonia com suas reflexões, tem uma frase de Hermógenes:
    "Cultiva as flores de teu coração. Não há melhores para perfumar os dias daqueles que precisam de ti."
    Seu vigor, vigora; seu entusiasmo entusiasma!
    Entusiamo é cultivo necessário.
    Abraços,
    Wellison

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    1. Ooii, Carlim (intimidade grande)!!! Adoro chegar aqui e ler seus comentários, sempre tão sábios. Sabemos bem como é passar por isso tudo, mas também acredito que o aprendizado é maior que a mágoa e as dores.
      Seja sempre bem-vindo!
      Bjooos.

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  3. Renatinha e Marina, vcs são duas escritoras q optaram pela medicina para escrever uma historia linda. Bjs

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    1. Lud, pára com isso. Assim eu choro e borro o rimel... hehehehe!
      Bjo, gata. Adoro vc demais.

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  4. Renata, fiquei realmente emocionada. Não sofri desses "hemo-problemas", só tive dificuldades com a radioterapia. Mas essa sensação que você descreve me é muito familiar.
    Gostei muito desse texto.
    Beijocas

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    1. Menina, conheci seu blog através desse seu comentário aqui. Quanta postagem interessante por lá. Adorei. Vou visitar sempre.
      Obrigada pela visita por aqui...
      Bjos.

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  5. De onde vc tirou isso: "Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se! Não precisa virar um mestre nesse quesito, mas ao menos agracie seus semelhantes com um sorriso. Não dói. Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.
    Ou então faça de outra maneira: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.
    Enfim, seja mais um a colaborar para melhorar um pouco a vida do outro e a sua própria."????

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. AMEEEEEEI o post, Rena! E concordo com vc quando bem qualificou as enfermeiras. Estive aí e vi que, realmente, elas acalentam quaiquer dramas vividos por vocês. Elas são lindas! ;)

    Um beijooo, Minha Queridinha S...! Rs

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  8. Renatinha,
    adorei os posts e o seu blog, viu?
    Continue escrevendo sempre porque você escreve muuuito bem.
    Falta uma foto linda com as voluntárias hein? Vamos fazer?
    beijão gigante
    Luciana (voluntária com a câmera na mão) =)

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