sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Luto

 
 
Hoje completam-se 7 dias que meu cachorrinho Alvinho foi morar no céu. Sua partida ainda dói muito e eu jamais pude imaginar que ficar longe dele fosse me causar tamanho sofrimento.
Estou imensamente triste, inconsolável...  e esse fato tem me feito refletir muito a respeito da vida e sua efemeridade... Não estou em condições de postar nada aqui no blog e, assim que meu coração se acalmar mais, volto para esse refúgio. Agora prefiro ficar quietinha...
 
"Amar é ter um pássaro pousado no dedo. E quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar”
Rubem Alves
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Como ajudar alguém que está com câncer

Bem sei que nem sempre é fácil ajudar alguém que está doente, mas se existe uma coisa que incomoda muito quem está vivendo um momento difícil é ter que escutar determinadas coisas. E nessa hora, vale aquele velho e bom ditado: " Se não tem algo bom para dizer, melhor é se calar..."
Ok, tem gente que fala sem maldade, uns querem ajudar, outros são sem noção mesmo, mas tenho certeza de que uma palavra mal pronunciada gera aborrecimentos desnecessários... E mais do que isso^: em vez de ajudar, acaba atrapalhando. Não estou criticando ninguém, nem sendo grosseira. No entanto, que sirva de alerta para aqueles que, de fato, querem ser mensageiros de paz...

E agora, de uma vez por todas, acho que não merecemos mais ouvir:

1) "Aquela doença..."
2) "Isso não é de Deus..."
3) "Câncer é tristeza da alma..."
4) "Você deixou a doença entrar..."
5) "Você está pagando pelos erros dos seus antepassados..."
6) "Somente o amor à vida pode te libertar..."
7) "Efeitos colaterais são o de menos..."
8) "Aconteceu com meu vizinho: ele estava em estado terminal e se curou com ervas..."
9) "Essa doença é um carma..."
10) "Fulano perdeu a batalha contra o câncer."

Em contrapartida, adoramos escutar:

1) "Vai dar certo..." (Essa é um clássico em minha vida)
2) "Em que posso ajudar?"
3) "Liguei porque estava com saudade..."
4) "Lembramos de você hoje e queremos que volte logo para perto de nós..."
5) "Perder o cabelo é trágico. Por isso trouxe um lenço de presente..."
6) "Tudo passa..."
7) "Vamos viajar? Pago tudo pra você..." (Alô, amigos ricos! hahahaha)
8) "Câncer não é sinônimo de morte e infelicidade..."
9) "Independente de qualquer coisa, estamos do seu lado."
10) "Eu te amo!" (Top 10)

 

Desse modelo!

Bjo, bjo, bjo.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Conselhos durante um terremoto

A ruína nos dá lições de vida
 
Desabam prédios no centro da cidade do México num estrondoso terremoto. Racham pias, os espelhos se partem, água escura irrompe das paredes e tudo começa a afundar. Na rua os carros balançam igual gelatina, começa uma chuva apocalíptica de vidros e depois tijolos, ferro e pó, até que a morte se esconda sob os escombros.
Mas a todo instante nos chegam notícias de que bebês sobreviveram seis dias sob os destroços, casais resistiram sob os entulhos e, outros, apesar de desabarem inteiramente com os edifícios, chegaram ao solo intatos.
Então é lícito pensar que, embora muitos pereçam, a ruína nos dá lições de vida. Pois desabam os casamentos, os negócios, a saúde e os regimes, mas não se sabe de onde nem por que milagre surgem forças, propiciando o resgate e nos livrando do total aniquilamento.
Todos já estivemos e estaremos em algum terremoto. Um terremoto é quando a paisagem nos trai. Um terremoto é quando se quebrou a solidariedade entre o seu ponto de vista e as coisas. Um terremoto não é só quando o caos demoniacamente toma conta do cosmos. Um terremoto, eu lhe digo o que é: é a hora da traição da natureza. Ou da traição também dos homens, se quiserem. Um terremoto, minha amiga, é quando como agora você está se separando. Você me diz de soslaio, como que saindo, querendo-e-não-querendo conversar, você vai me dizendo que seu casamento está desmoronando. Você está embaixo da pele, com a voz meio sepultada lançando um grito de socorro, e aqui com a equipe de salvamento lhe posso apenas lançar a frase: a ruína nos dá lições de vida.
Terremoto é a hora da traição do amigo, que invejoso concorre como inimigo e lança fel onde a amizade era mel, e envenena a rima de seus dias sendo Caim em vez de Abel.
 


Por isto, há que afixar conselhos sobre a hora do terremoto. Como nos abrigos antiatômicos, nas indústrias do perigo, há que adiantar as medidas a serem tomadas quando o terremoto vier. Daí o primeiro conselho em caso de tal tragédia: não entre em pânico acima do tolerável. Lembre que todo terremoto é passageiro. Porque este é o sortilégio dos terremotos: nenhum terremoto é permanente, embora muitos e tanta coisa nele pereçam para sempre. Mesmo os mais profundos e autênticos cataclismos não duram mais que pouquíssimos, embora diabólicos, minutos. Vai ser terrível, mas vai passar.
Outro conselho: embora rápido e fulminante, nada garante que ele não torne a se repetir. Há que estar atento também para o fato de que esse movimento de terra é interior e exterior. O que desabou por cima não é tudo. É sintoma apenas do que se moveu por baixo. Naqueles terremotos do México, depois do primeiro e do segundo, as agências noticiaram um outro, mas que foi apenas subterrâneo. Diziam: é a acomodação das camadas geológicas. Incômoda acomodação é essa. Mas um terremoto autêntico vem mesmo das profundas e a superfície só vai se acalmar quando as camadas geológicas lá dentro se ajeitarem de novo.
Sobretudo, depois do terremoto há que aprender com as ruínas. Por que os engenheiros que me perdoem, mas a ruína é fundamental. É a hora do retorno. E se vocês me permitissem discretamente citar Heidegger, com ele eu diria que a ruína só é negativa para aquele que não entende a necessidade da demolição. Pois a tarefa do homem é refazer-se a partir de suas ruínas. Temos mais é que catar os cacos do caos, catar os cacos da casa, catar os cacos do país. Depois da demolição das fraudes, desmontando a aparência do ontem, poderemos nos erguer na luminosidade do ser. Ruína, neste sentido, não é decadência. Ao contrário: é a hipótese do soerguimento.
As ruínas do presente nos ensinam que um terremoto é quando não há mais o centro das coisas. E no México foi o centro, o centro do centro ¾ a capital, que foi arrasada. Mas aprendendo com a ruína, ali já nos prometem o verde. Já tracejam planos de jardins onde crianças e flores povoarão o amanhã.

 

Amigo, amiga: terremotos ocorrem sempre e muitos aí perecem. Mas a função do sobrevivente é sobreviver reconstruindo.
A ruína, além da morte, nos dá lições de vida.
 
Afonso Romano de Sant'Anna

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Outubro Rosa

O movimento Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo. Seu nome remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama. Teve início nos EUA, onde vários estados tinham ações isoladas referentes ao câncer de mama no mês de Outubro, mas posteriormente ganhou dimensões internacionais.
A ação de iluminar prédios públicos, monumentos, pontes e teatros foi uma prática para que o Outubro Rosa tivesse expansão cada vez maior.
Sua popularidade alcançou o mundo de forma bonita, elegante e feminina, motivando e unindo pessoas em torno de uma causa tão nobre. O grande objetivo do movimento é alertar para as estatísticas do câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce, fator crucial nos índices de cura e qualidade de vida.
 
 
 
Não tive câncer de mama, mas faço parte do "Amigas do Peito" no Facebook. Trata-se de um grupo fechado, mega legal, em que mulheres de várias idades relatam suas experiências, falam sobre suas dúvidas, medos, angústias e, é claro, das suas vitórias (inúmeras, por sinal). Lá, é sempre possível encontrar alguém para te dar bons conselhos, dicas, apoio, carinho e um ombro mais que amigo. Quem quiser participar? Segue o link:
Todas serão muito bem-vindas. Ah, e não precisa ter câncer de mama não... Se você tem outro tipo de tumor, se é amigo e/ou parente de quem tá doente ou simplesmente quer ajudar e ser ajudado, venha conosco.
 
 
Porque juntos somos mais fortes.
 
Bjo, bjo, bjo.

domingo, 30 de setembro de 2012

Gracinha

Não sou tiete de ninguém, muito menos aquelas pessoas que fazem insanidades em nome de uma admiração infundada por outra pessoa. Mas penso que ontem a partida da Hebe Camargo encheu o coração de muita gente de uma tristeza sincera.
Ela era diva e isso não mudará daqui 50, 100, 200 anos... E não conquistou esse título pelas jóias lindíssimas que possuia, nem pelo cabelo sempre impecável, muito menos pelo dinheiro. Hebe era a própria alegria de viver... característica que nem um câncer agressivo teve o poder de apagar. Um legado que ela deixará para todos nós, independente de qualquer coisa... Sorriso frouxo, selinhos, bom-humor! Ah, eu gostava muito dela e não é somente pelo fato de ela ter tido câncer e eu também. Lógico que ela nos deixa um belo exemplo de serenidade e força e muitas pessoas se sentiram encorajadas com sua disposição para enfrentar tudo, mas não é só isso...
A doença não foi maior que ela... A Hebe foi apenas brilhar em outro lugar.



Vá em paz. Gracinha!

Bjo, bjo, bjo.
 

 

O melhor plano de saúde é viver

Planos de Saúde no Brasil é caso de polícia. Mas não, não vou tecer nenhum comentário ferino aqui a respeito do meu plano, apesar do merecimento. O objetivo desse post é outro. Deixo para depois a destilação de toda indignação que esses serviços causam na maioria dos seus usuários.
O que quero mesmo dizer é que nossa vida está aí justamente para ser VIVIDA. Independente de qualquer coisa, sem levar em consideração que você tem/teve algum problema grave. Viver por tudo ou por nada.
Bendidos os que conseguem viver assim... os que não se cobram por não terem cumprido suas tarefas, mesmo quando se esforçaram ao máximo e deram o melhor de si.
Benditos os que não se culpam por terem falhado, mesmo quando não havia outros caminhos mais certeiros.
Benditos aqueles que não pretendem se adequar à sociedade e ao mesmo tempo serem livres. Ambição em demasia.
Benditos os que vivem bem, mesmo quando tudo diz o contrário: surge uma doença, seu amor foi embora, dinheiro faltou, amigo sumiu.
Benditos, benditos, benditos. E, se você acha que essas pessoas só existem em livros com final feliz, ledo engano. Muitas delas estão ao seu lado, mas você não se deu conta porque não sabe viver... Muitas delas estão do meu lado...
 


 
Ser feliz (por tudo ou nada) talvez seja isso.
 
Bjo, bjo, bjo.

sábado, 29 de setembro de 2012

Alimentação

Dieta equilibrada é vital para a saúde e importantíssima para o sucesso de qualquer tratamento.  Durante a quimioterapia, é essencial manter estilo de vida o mais saudável possível, já que as drogas quase sempre trazem algum efeito colateral. Muitas vezes, elas interferem no paladar, no apetite, no olfato, causam náuseas e vômitos, prejudicando a qualidade de vida e a resposta terapêutica.
Assim que comecei a quimio, recebi várias dicas para driblar os efeitos adversos e não perder peso (todas válidas), mas hoje eu digo que o auxílio de um nutricionista é importante. Por mais que você sempre tenha cultivado bons hábitos de vida, durante o tratamento tudo ganha repercussão diferente e, por isso, ajuda profissional é super válida.
Bom... vamos à parte prática das coisas, mas antes de fazer isso, quero dizer que nem sempre é possível seguir todas as recomendações e dicas que recebemos... tem dia que você não aceita nada. E outra: vou relatar uma experiência pessoal e, portanto, única. No cotidiano, cada pessoa lida com as situações de modo distinto. Não tome nada como regra ou verdade absoluta.
Apesar de sempre ter tido uma boa alimentação, mudei algumas coisas em função do tratamento e vou contar como era minha nutrição na maioria dos dias:
 
Café da manhã
Nunca lidei bem com essa hora do dia! Meu estômago sempre foi fraquinho pela manhã e pelo menos essa culpa a quimio não carrega... hahahaha! Por isso, para "melhorar" nesse quesito, minha mãe sempre fazia vitaminas de leite e futas e, às vezes, ainda acrescentava algum suplemento, como cereais e sorvete. Dependendo da disposição gástrica, eu completava com bolo, pão, iogurtes, queijos e biscoitos. Confesso que tive dias de apetite máximo e, logo cedo, já queria isso tudo e mais um pouco. Em contrapartida, principalmente nos dias pós-QT, anorexia mandava lembranças.
As vitaminas foram excelentes opções para mim porque dava para variar bastante nas frutas e assim não enjoar dos sabores. Além disso, como tive muuuita mucosite nos ciclos do MTX, elas foram ótimos recursos e ajudaram bastante. Era engolir e pronto!
 
 
Almoço
Como estava levando vida de madame e acordando às 9 da manhã, do café, já pulava para o almoço! Arroz, feijão, verduras, legumes, saladas, carne, peixe, frango e ovos. Procurava variar bastante, mas esse era o momento em que eu tinha o melhor apetite e comia de tudo. Com relação às saladas, quando não eram feitas de alimentos cozidos, tínhamos todo o cuidado possível na manipulação das folhas e hortaliças.
Evitava frituras, alimentos com muito condimento e picantes, sal em excesso e usava e abusava de azeites.  
Tirando os dias de folga do MTX, em que era possível comer de tudo, quando minhas mucosas se rebelavam, era muito difícil mastigar e engolir. Nessa hora, investia em alimentos mais pastosos, como risotos, caldos de abóbora, mandioca ou batata com carne desfiada e couve cortada bem fininha. Para aumentar as calorias e melhorar o sabor, acrescentava creme de leite ou requeijão cremoso. Delícia!
Sobremesas são um caso à parte. Não gosto muito de doces, mas, durante a quimio, tinha dia que eu dava tudo por um docinho... hahaha... Amava brigadeiro e guloseimas de amendoin. Pudim de leite condensado ficava para as crises de mucosite... fácil de engolir, gostoso de se comer. Ah, e é claro: os olhos de sogra de Flávia... hahaha!
 
 
Lanche da tarde
Se você tem um nutricionista de plantão, sabe que ele é taxativo: é para comer de 3 em 3 horas e não se fala mais nisso. Meus lanches da tarde eram quase um repeteco do café da manhã. Vitaminas, principalmente no período mucosite, mas também gostava de comer pão de queijo (alô, Minas!), bolo de cenoura (adoro demais) e biscoito quentinho, feito na hora... hahahaha! Sim, eu passava bem. Mas como vivemos numa montanha russa gástrica, tinha dia que eu não queria nada disso. Salada de frutas caiam muito bem nessas horas... leves, saborosas e saudáveis!


Jantar
Sopas de legumes, verduras e carne reinavam absolutas, principalmente no frio. Entretanto, massas também tinham seu lugar. Carboidratos são excelentes para quem precisa ganhar peso, além de muito saborosos... E toda vez que eu perdia um grama, dá-lhe de massas e comidinhas bem engordativas... hahaha...



Água e sucos
Use e abuse: é a regra!
Água e líquidos de um modo geral são vitais para o organismo. Durante a quimioterapia, aumentar a ingesta hídrica foi mandatório para mim por dois grandes motivos: primeiro porque as drogas podem provocar muitos episódios de vômito e aumentar o risco de desidratação grave; depois porque nas aplicações de MTX beber muita era essencial para sair do controle da droga e também evitar danos renais, já que a eliminação do Metotrexate se dá pelos rins.
Muitas vezes, a água, em si, é super nauseante e aí entra a opção da água de coco, rica em carboidratos e minerais. Tomei muita nos ciclos do MTX, já que, por via de regra, sua ingestão era permitida.
Sucos são super bem-vindos. Como tive muita mucosite, evitava ao máximo os ácidos, como de laranja, limão e maracujá. Graviola está na moda e é super gostoso. Além do que, para quem faz quimio, sucos são bem melhores recebidos que a água, embora saibamos da sua imensa importância no organismo.
Não gosto muito de chás, mas tomava quando estava enjoada das outras coisas. Há uns bem gostosos, como de frutas vermelhas e camomila.
Parei com refrigerantes.
Enfim, o importante mesmo é manter uma boa hidratação e, mesmo quando não há a mínima vontade de beber alguma coisa, a força de vontade deve ser maior... os benefícios são imensos!



Durante os oito meses de quimio e as 5 semanas de radio, não tive problemas com perda de peso (2 kg a menos na balança, mas sem prejuízos maiores) nem desidratação e isso foi determinante para mim. É óbvio que tive períodos de fragilidade, dias em que nada me atraia e também momentos em que não conseguia comer nem beber coisa alguma.  No entanto, é válido ressaltar que isso tudo passa e, na hora que o apetite aflorar, aproveite e ganhe tudo que você perdeu, fazendo uma reserva... ela pode ser necessária nos dias de hiporexia.
Para não ficar mais extenso, em outro post falo sobre os suplementos alimentares no período de internação e também sobre como evitar/corrigir a anemia pela alimentação.
Comer, comer... comer, comer é o melhor para poder crescer... hahaha!

Bjo, bjo, bjo.
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Cleo e Alvin: pílulas de carinho

Durante todo meu tratamento, eles estiveram ao meu lado. Fiéis, únicos, carinhosos, cheios de charme. Cleo e Alvin foram, sem a mínima dúvida, potencializadores das formas mais genuínas de amor. Enfrentaram todo tipo de desafio para ficarem comigo, dia e noite, noite e dia, sem titubearem. Com o alvará de Petrilli, meus dogs, amores da minha vida, não desistiram um dia sequer de mim, não se irritaram mesmo quando eu estava insuportável, não me negaram várias lambidinhas, sempre me recebiam com a mesma alegria e rabinhos balançantes. Para muitos, pode ser exagero; para outros, humanização de animais; para tantos, incompreensível. No entanto, quem tem um animalzinho de estimação e o considera como membro da família, sabe o que sinto. Sem mais delongas...
Para quem deseja receber essas doses extras de cuidado e amor, tenho informações preciosas para dar:
 
Cleo e Alvin
(Pílulas de carinho)
 
Composição
Cada cachorrinho contém 35g de amor, 35g de carinho, 20g de beijos, 15g de saudade, 12g de abraços, 17g de amizade e muuuuuuuuuuuita emoção.
 
Informações ao Paciente
Indicado para o tratamento agudo e crônico dos sinais e sintomas de fortes sentimentos como amor à distância, amizades duradouras, aniversários memoráveis, admirações especiais, paixões enormes e muitos outros sentimentos lindos.
 
Informações Técnicas
Mecanismo de ação:
São potentes maximizadores de coisas boas, aumentam a liberação de serotonina e o armazenamento de neurotransmissores.
Estudos Clínicos:
Em estudos com pacientes especiais, foi comprovado em laboratórios do mundo inteiro, que o princípio ativo presente nesses cachorrinhos faz bem à saúde do coração, liberando uma inexplicável dose de uma substância incontrolável denominada sorriso.
 
Indicações
Tratamento agudo e crônico dos sinais e sintomas da saudade
Tratamento agudo e crônico dos sinais indicados pela falta dos abraços de quem se ama
Alívio da dor de cotovelo
Tratamento de super amizades
E várias outras coisas boas...
 
Contra-indicações
São contra-indicados àqueles que não respeitam os animais e não os amam com fidelidade.
 
Precauções
O tratamento com essas pílulas de carinho não é recomendado para pessoas que querem ter qualquer tipo de maldade no coração. Os sentimentos descarregados por esses cachorrinhos podem desempenhar um papel determinante na perfusão desta maldade, fazendo, desta forma, o extermínio destas enzimas más através dos seus flocos de boas energias.
 
 
Da série: É amor demais...
 
Bjo, bjo, bjo.
 
 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Welcome back, Montes Claros!

Em sua última visita a São Paulo, meu irmão voltou para casa com a certeza de que eu, meu pai, minha mãe e os dogs, em breve, embarcaríamos rumo a Montes Claros. No prazo de, no máximo, uma semana, chegaria o momento grandioso, aquele pelo qual esperamos, ansiosos, por muito tempo. Impossível descrever com fidelidade o que estávamos sentindo. Por mais que São Paulo tenha nos recebido da melhor maneira e que aqui eu tenha tido a maior vitória da minha vida, minha casa é minha casa. Nunca gostei muito de Montes Claros. Não era segredo para ninguém... o clima é muito quente, a cidade pouco arborizada, trânsito caótico, o prefeito uma ofensa à inteligência da população. Mas foi lá que eu nasci, passei infância e vivi os melhores e mais inesquecíveis momentos. Lá tem minha faculdade, amigos, parentes e um sol escaldante.
Depois de ter feito todos os exames necessários para voltarmos para casa com segurança, era hora de arrumar as malas. Durante todo o tratamento, não fui para Montes Claros uma vez sequer e, por isso, a saudade de tudo e de todos era imensa. E no domingo, 5 de Agosto, eu estava embarcando, com a ansiedade de quem voltava para seu porto seguro, seu aconchego. Felicidade era pouco para expressar o que se passava em meu coração. Sabia que muitos me esperavam, que muitos queriam me abraçar, desejar boas-vindas, saúde e paz.
Cheguei no cair da tarde, com temperatura de 33° graus, condição que virou piada para o piloto e comissários de bordo... hahahaha! Muito quente, mas o que eu queria mesmo era o calor das pessoas, que há muito tempo estavam longe. Durante as preparações para a volta, fiquei imaginando como seria esse retorno. Sophia me prometeu fogos de artifício; Mixas vários gritos em seu melhor estilo; Tabatinha muito glamour; Alê, Gustavo e Evelin infinitos abraços; Thaís perfuraria todos os meus órgãos com suas unhas (que melhoraram muito); Nuninha tiraria a melhor foto; Polly e Bio risadas intermináveis e tia Neusa e cia Ltda. um carro de som (me mata de vergonha... hahahahaha).
Desembarquei esperando de tudo um pouco, mas depois de pegar as malas, cadê todo mundo? Pensei que era pegadinha do malandro, que as pessoas estavam escondidas, camufladas, atrás de alguma pilastra do aeroporto... hahaha... mas não! Elas estavam atrasadas ou não? Por ironia do destino, meu vôo estava adiantado (coisa rara, mas acontece) e aí todos perderam minha chegada glamourosa... hahaha. Passados uns minutinhos, todos foram aparecendo e aí dá-lhe alegria, emoção, felicidade. Parentes, amigos, colegas, minhas avós lindas e muitos abraços tipo Malwee.



Festa! Surpresa... para dar sorte na volta e eu me sentir a mais amada. Celebrações, presentes, recadinhos carinhosos, docinhos. Abrir a porta e reconhecer aquele ambiente, olhar para meu quarto e encontrar o origami que deixei pendurado, a era no muro crescida e verde. Aconchego maior não existe... com certeza, é o melhor lugar do mundo. Agradecer é pouco por todo carinho, pela torcida, pela felicidade e as lágrimas nos olhos com que muitos me receberam. Ficará para sempre, sempre.



"Voltar para casa é engraçado. Tudo tem a mesma cor, o mesmo cheiro. Nada muda. E aí nos damos conta de que quem mudou fomos nós.".

O curioso caso de Benjamim Button

Bjo, bjo, bjo.
 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Estamos indo de volta pra casa

Por Enquanto
Cássia Eller

Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era para sempre
Sem saber, que o para sempre, sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar agora
Tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...



Bjo, bjo, bjo.

R.E.M.I.S.S.Ã.O

Estive gravemente doente. Sem exagero ou drama, meu prognóstico não era dos melhores e as chances de cura reduzidas. Durante exatos 8 meses, fiz tudo que me foi proposto: quimioterapia em altas doses, radioterapia, exames, consultas. Tive mucosite para dar e vender, pirei com a Cisplatina, saí de todos os controles do MTX dentro do tempo normal, não tive nenhuma intercorrência grave, não precisei de transfusões.
Oito meses. Tempo mais que suficiente para mudar minha vida e de todos que estão ao meu redor. Tempo em que os tumores da coluna vertebral, das costelas e da perna foram bombardeados por todo tipo de terapêutica eficaz contra eles. E eu vi, a cada exame feito, que os 7 pontos de lesão estavam, de fato, sofrendo com a overdose imposta. Nada de crescimento dos tumores, nada de metástase pulmonar, nada de aparecimento em outros locais. Difícil acreditar, mas presenciei esses fatos. E eu, Renata, também fui testemunha de muitos outros milagres, desses que a medicina se questiona, torce o nariz, desconfia, mas não pode negar a existência.
No entanto, o maior dos acontecimentos foi o fim do tratamento e a entrada na fase de manutenção. Saí sem nenhuma sequela, sem nenhum rancor, sem nenhum trauma. Continuei sendo a mesma pessoa de sempre, porém com um agravante: muito mais madura e preparada para a vida, vestibular pelo qual todos os dias somos submetidos.
Engano achar que tirei de letra tudo isso. Também tive meus momentos de irritação máxima, desesperança, medo, vontade de desistir. E quando as veias insistiam em sumir então... aaff! Vivi na montanha russa, no limite, na fronteira. E hoje percebo que precisei vivenciar o luto em muitos momentos, precisei sofrer por aquilo que as pessoas chamam de "o de menos". Faz parte do processo de cura e ignorar essa etapa é furada. Não me senti na obrigação de ser feliz todos os dias, ter bons e belos pensamentos, ser positiva e alimentar um bom humor invejável. Quem recebe um diagnóstico desse não consegue ser a majestade do otimismo. Não consegue nem pode! Enfim, fui humana, me dei esse direito.
Convivi com pessoas incrivelmente especiais, mas vou deixar Petrilli como representante maior. Ele me prometeu um bisturi de manteiga e chocolates no pós-operatório, mas acho que só uma visita do Gianecchini mesmo para aliviar a dor de uma cirurgia torácica... ahahahaha! Exemplo máximo e inquestionável do que é ser médico (ele é médico, não só fez medicina), do que é ser humano, do que é ser gentil e educado, do que é ser o papa do osteossarcoma e mesmo assim não se sentir como o tal. Difícil achar aí, nas esquinas da vida, alguém igual a ele. Sorte minha ter conhecido.
Desde então, cada segundo de vida toma proporções incalculáveis para mim. V.I.D.A.... só quando contemplamos a morte tão de perto, começamos a dar valor. Ao perceber isso e vir tanta criança perdendo sua infância nas salas de quimioterapia, passei a acreditar que o significado de justiça permeia o divino. Nós, homens, não compreendemos. Tentei, mas jamais vou entender porque tantas vidas lindas são submetidas a processos tão dolorosos, debilitantes e torturantes para seres que só querem brincar de carrinho e boneca. Talvez essa tenha sido uma das experiências mais marcantes... lembrar das crianças que conheci e de como suas existências foram marcadas pela doença.
Ainda não posso dizer que estou curada... isso demanda um certo tempo, entretanto estou em REMISSÃO. E, para quem passou por toda essa turbulência, essa palavra soa como música. Durante 1 ano e meio, ainda farei uso de quimioterapia oral (Ciclofosfamida e Metotrexato em baixas doses), de segunda a sexta-feira. Felizmente, não estou tendo problema algum com uso das drogas. É tranquilo, fácil e um pouco de boa vontade ajuda demais. Além disso, quem já recebeu quimio venosa, nem deve sentir o peso mínimo dos comprimidinhos pela manhã... hahaha...
Enfim, tudo nessa vida passa mesmo (eu sei, eu sei... é mais um bordão chato, mas isso não tira suas verdades)... como diz uma tia, se as coisas boas vão embora, as ruins também vão... Estou feliz! Mais que isso... estou naquela fase em que o peso de um avião é retirado das suas costas. Sensação de missão cumprida, de final de guerra, de campeonato, em que o capitão do time, depois de muita luta, levanta a taça de campeão e dá aquele grito de realização plena.
Agora é arrumar as malas para a volta para casa. Despedir de São Paulo, cidade incrível, que, de fato, representa o primeiro mundo brasileiro. Vambora? hahaha... Iupiiii!



Viva La Vida

Bjo, bjo, bjo.


 

domingo, 23 de setembro de 2012

Quando Deus aparece

Tenho muitos amigos que acreditam em Deus. Um deles, que é como um irmão para mim, comentou no facebook sobre um recital que estava assistindo. Tomando pela comoção do momento, ele finalizou a postagem assim: "Nessas horas Deus aparece".
Fiquei com essa frase na cabeça. De fato, Deus não está em promoção, se exibindo por aí. Ele escolhe, dentro do mais rigoroso critério, os momentos de aparecer pra gente. Não sendo visível aos olhos, ele dá preferência à sensibilidade como via de acesso a nós. Não sou católica praticante e ritualística... não vou à missa aos domingos nem faço novenas. Já houve um tempo em que eu fazia essas coisas com mais devoção, mas hoje Deus se expressa de outras formas.
Para mim, ele aparece através da música e nem precisa ser uma obra prima de Chico Buarque. Pode ser uma música popular mesmo, pode ser algo que toque no rádio, mas que me chega no momento exato em que preciso estar reconciliada comigo mesma. De forma inesperada, a música me transcende e me aproxima do divino.
Deus me aparece nos livros, em parágrafos que não acredito que possam ter sido escritos por um ser mundano: foram escritos por um ser mais que humano.
Deus me aparece (e muito) quando estou em frente ao mar. Tivemos um papo longo há mais ou menos 1 ano e meio, quando havia somente as ondas entre mim e ele. A gente se entende em meio ao azul, que seria a cor de Deus, se Ele tivesse uma.
Deus aparece num abraço apertado em que é possível se escutar os batimentos cardíacos.
Nesse exato momento, escuto "My Sweet Lord" e posso assegurar: a letra é um animado bate-papo com Ele, ritmado pelo rock'n'roll. Aleluia.
Deus aparece quando choro, quando a fragilidade é tanta que parece que não vou conseguir me reerguer. Aparece quando alguém me liga e eu tenho impressão de que essa pessoa está mais perto de mim do que o vizinho da frente. Aparece nas lambidinhas de Cleo e Alvin e , na voz tranquila do Petrilli, quando escuto uma criança chorar ao nascer. Deus aparece nas vitaminas que a minha mãe faz para eu ganhar peso e uma mãe é um atestado da presença desse cara.
E quando eu O chamo de cara e Ele não se aborrece... aí, sim, tenho certeza de que ele está comigo mesmo.

My Sweet Lord! Aleluia!

Bjo, bjo, bjo.

sábado, 22 de setembro de 2012

Neam?

"Afinal, há é que ter paciência, dar tempo ao tempo, já devíamos ter aprendido, e de uma vez para sempre, que o destino tem de fazer muitos rodeios para chegar a qualquer parte."
Guimarães Rosa.



Ele, sempre ele!

Bjo, bjo, bjo.

C'est fini, radio!

Ok, estou super em falta com vocês. Assumo o erro, mas estou aqui para começar a reparar estas faltas... hahaha! Andei muito sumida e, nesse intervalo de tempo, muitas coisas aconteceram. Contarei tudo, porém aos poucos.
Bom, dando continuidade à história, o post de hoje será todo trabalhado para contar o final da radioterapia. Como havia falado anteriormente, faria 25 sessões de radio na coluna. Dito e feito.  
Segui todas aquelas recomendações que a equipe médica te dá: evitar sol e consumo de alimentos ácidos, hidratar a pele, usar as loções indicadas, tomar os remedinhos salvadores no momento certo e por aí vai... No entanto, quando procuramos relatos de pessoas que já passaram por essa experiência, nem sempre encontramos depoimentos, digamos, encorajadores e, nessa hora, CUIDADO!  
Cada situação é uma situação. É clichê, mas não deixa de ser verdade. No meu caso, por exemplo, li depoimentos de pessoas que tiveram queimaduras de segundo grau na pele, disfagias violentas a ponto de ser necessário uso de sonda nasogástrica, fobia por causa da máscara, náuseas, vômitos, fraqueza e até interrupção do tratamento devido a efeitos colaterais.
Passei pelos primeiros dias de radioterapia tranquilamente. Sem sentir absolutamente nada. Um sonho, perto do que foi a quimioterapia... Depois da décima aplicação, momento divisor de águas, comecei a sentir um pouco de dor para engolir, às vezes náusea e, mais para o final, após a dor na garganta ter sido controlada, veio o cansaço. Uma fadiga sem explicação, que te tira a vontade de levantar da cama e fazer outras coisas legais. No entanto, isso foi mais para o final... final mesmo, tipo última semana e bastou a radio acabar para tudo acabar também. Maravilha!
Tirando esses "acidentes" de percusso, o resto foi bem tranquilo. Usei um hidratante excelente, de uma marca de produtos oncológicos chamada Pielsana, à base de vitaminas A e E, de 3 a 4 vezes por dia, religiosamente todos os dias, o que ajudou minha pele a nem ficar vermelha. Assim que as aplicações chegaram ao fim e os campos foram retirados, ninguém sabia onde tinha sido irradiado. Dei prioridade a alimentos bem saudáveis, evitei exposição solar, concentrei na radio. No mais, durante essa etapa, dá para fazer outras atividades: viajar no final de semana, passear, se divertir, dormir... porque a radioterapia te toma pouco tempo comparando com outros procedimentos. E, além disso, pelo menos para mim, foi mais tranquila que a quimio...
Fiz 5 semanas exatas de radioterapia, não perdi nenhuma sessão, não tive intercorrências graves, não precisei de tranfusões  nem de medicamentos para dores intensas ou outros problemas. Cada aplicação durava em torno de 40 minutos. Pode parecer muito tempo, mas, na verdade, acertar os campos demanda cuidados especiais, técnica apurada, bem-estar do paciente... então a radiação, em si, é rápida, durando em torno de 2 ou 3 minutos.
Assim, recebi alta, com sensação de dever cumprido, com direito à carta oficial de libertação e tudo, assinada a próprio punho por Chen, em papel timbrado do Albert Einstein. Enfim, era oficial... ahahaha! Dia 04 de Agosto... para entrar para a história!
E depois de todo esse terremoto em minha vida, tudo indicava que as coisas voltariam ao normal em breve... volta para Montes Claros, para a faculdade, para tudo que eu tinha deixado para trás...
 
 
Que assim seja!
 
Bjo, bjo, bjo.
 
 

domingo, 29 de julho de 2012

Radioterapia

Depois do momento alforria da quimio, era hora de planejar a radioterapia. Esperei muito por esse dia porque, em suma, isso significava os últimos passos efetivos do tratamento. Agora, sim, eu poderia começar a vislumbrar o retorno à vida "normal".
Petrilli passou o bastão para Michael Jenwei Chen, pessoa de nome diferente, radioterapeuta do Albert Einstein, que não quer me libertar da radio para ir ao Intermed Minas 2012... hahahahaha!
Planejamento de radioterapia sempre é um caso à parte... acertar o campo, marcar tudo certinho, testar e torcer para que a máquina não pare na sua vez... Ficou definido, então, que eu faria 5 semanas de radio na coluna, totalizando 25 sessões. Nada mais, nada menos que isso nas minhas vértebras.
De antemão, já soube que, no decorrer das semanas, poderia sentir desconforto no trajeto do esôfago, a pele ficar meio avermelhada, ter fraqueza. Mas isso tudo viria a partir da décima aplicação. E, nesse caso, os efeitos colaterais também não são uma regra. Cada paciente reage de uma maneira.
O importante dessa fase é manter uma sequência boa de apliações, tentar controlar bem os efeitos colaterais dentro do possível, ter boa hidratação e cuidar da pele. Perto do que foi a quimioterapia, a expectativa é de que a radio seja mais suave, mansinha, sem muitos problemas. Amém, Senhor!


No mais, é tentar aproveitar bem os dias, ainda mais sem a responsabilidade da quimio. Curtir São Paulo, visitar lugares legais, passear, viajar nos finais de semana. E esperar aquele momento master pós-QT: a volta dos cabelos... hahahaha!

Bjo, bjo, bjo. 

sábado, 28 de julho de 2012

Bye bye Quimio!

Boa tarde, people... Em primeiro lugar, mil desculpas pela ausência por aqui. Mas bons ventos e boas notícias me trazem hoje para o blog.
Depois de exatos 6 meses de quimioterapia, depois de tudo (náuseas delirantes, vômitos incontroláveis, adeus aos cabelos, mucosite, muitas furadas, ansiedade, alegrias, perdas e dúvidas), finalmente recebi a notícia que todo paciente sonha em escutar: a quimio acabou! Isso: acaboou, acabooou, acaboooou! Difícil descrever a alegria que sentimos, acreditar que realmente encerramos esse ciclo, entender como passamos por isso tudo e ainda nos encontramos inteiros (ou quase inteiros)... hahahahaha!
Assim que Petrilli e seus olhos cor de mar azul olharam para mim e comunicaram a notícia mais esperada dos últimos tempos, um misto de alegria, emoção, sensação de dever cumprido, libertação, choro fácil e felicidade sem limites invadiram meu coração. Você não sabe se chora, se grita, se corre, se abraça quem está do seu lado, se não acredita... hahahaha... mas que é muito bom, isso é!
Durante esse tempo, apesar de toda dificuldade imposta pelo tratamento, tenho orgulho em dizer que, mesmo tomando Doxo e MTX em altas doses, nunca tive intercorrências graves. Nenhum episódio de neutropenia febril, nenhuma infecção, nada de antibióticos, nenhuma transfusão de plaquetas, meia bolsa de sangue, nenhuma internação a não ser para os ciclos do Methotrexate.
Durante esse tempo, apesar das incertezas, continuei firme, não desisti no meio do caminho, não me deixei levar pelo prognóstico sombrio, não sucumbi à dor de ter uma das doenças mais temidas do mundo. Não deixei de comer, mesmo chorando, quando minhas mucosas se rebelaram. Não faltei a uma consulta, não deixei de fazer nenhum exame, bebi toda água necessária para sair dos controles do MTX.
Durante esse tempo, conheci pessoas maravilhosas, crianças incríveis que me ensinaram que, nem sempre, os adultos são os mais sábios. Aprendi a ser mais forte e tolerante, a reclamar menos da vida e a dar valor a coisas que outrora passavam despercebidas.
Durante esse tempo, senti saudade de quem está longe, senti falta da correria da faculdade e até do calor insuportável de Montes Claros. Em contrapartida, ganhei muitos amigos novos e recebi todo o carinho possível... Fui mimada, ganhei presentes, recebi muitas visitas, fiz passeios.
Durante esse tempo, convivi intensamente com Petrilli, Carla, Paulo e Camila, meus médicos queridos que me ensinaram coisas que não encontramos nos livros de medicina. Ensinamentos que terei a honra de carregar para o futuro. E conheci a equipe de enfermagem mais fantástica de todos os tempos. Os voluntários mais despojados e os funcionários inesquecíveis.
Durante esse tempo, tive a melhor família e amigos do mundo e qualquer homenagem é muito pouco diante do que eles merecem. Minha dívida com todos eles só aumentam... hahaha...
E agora, depois de olhar para isso tudo, admito que é impossível sair desse furacão e não ter boas lições de vida. Daqui uns dias, tudo começa a voltar para seus devidos lugares: voltarei para Montes Claros e para a faculdade, meus cabelos vão crescer, não vou consultar toda semana nem me preocupar tanto com minha hemoglobina. Porém, meu olhar para as coisas e pessoas será diferente porque eu estou diferente. E que tudo isso seja motivação para eu ser melhor, mais humana, menos exigente, mais madura. Importar com o que realmente merece atenção, valorizar quem está perto e te ama, cuidar da saúde, fazer exercícios físicos, assistir filme, ler bons livros. Estudar. Amar. Ser feliz.



Da série: a última quimio a gente nunca esquece.

Bjo, bjo, bjo.

sábado, 16 de junho de 2012

Um presente...

Bom, já que a semana foi de muita poesia, aqui vai uma... essa eu ganhei da minha amiga e colega Natalie e achei liiinda... hehehehe! Obrigada, Nath. Somente pessoas com sua sensibilidade e carinho podem fazer isso. Vou guardar para sempre.



(Dedico este poema a Renata Cambuy, à sua família, à sua fé.)

Oi menina , quão pequena sois
Para tanto saber e em tão pouco tempo
Tanto ter que aprender nesse longo momento
Em que tivesses , por força das circunstâncias
Que se ausentar dessas crianças
Que somos todos nós.

Para você menina, nunca dei um presente
Então percebo o quanto amo as palavras
Pois através dessas simplórias e sonoras dádivas
Posso ousar, ao menos tentar expressar
O que talvez os seus mais próximos não puderam falar
dessa explosão de sentimentos que há na gente.

Todos nós, engatinhando no terreno da medicina, exaustivamente,
Plantando , regando, nos empenhando
Em sermos melhores médicos, sonhando...
Às vezes tanto, que nem percebemos
O convite da vida , para aproveitarmos e aprendermos
Com todos que a nossa volta, algo sempre nos ensina, mesmo que involuntariamente.

Tolice achar-nos maduros demais para tudo
Quando a época da colheita ainda nem chegou
E mesmo que tivesse chegado , aqui estou
Para dizer que sempre haverão novos terrenos para serem plantados
E valorizar isso é irrelevar as sementes ruins que ficaram no passado
E perceber que todos somos aptos para dar frutos.

Na metáfora da vida, menina,
Você apenas trocou de lugar no consultório
De médica a paciente , não se assuste com o repertório:
Anamnese, exame clínico, propedêutica , cuidado, zelo.
E o que mais nos intriga nesse hemisfério
É que a vida não tem um algoritmo nem protocolos para cada situação.

Só quero que saiba que ao voltar
Quero recebê-la e ser contagiada por esse encanto
Essa força, brio e capacidade de mostrar de um jeito brando
Quão mesquinhos são os detalhes
Quando se pode aproveitar mais e mais
Dos alguéns ao nosso redor, e o que cada um pode nos acrescentar.

Se pudéssemos desapegar dos pré-conceitos
Das autoregras, dos prós e contras
E apenas olhar, apenas conhecer, admirar-se e perceber
Cada vez mais nos surpreenderíamos, quão humilde e sofisticada é a Sabedoria Divina
Que só faz morada naqueles que não se acham dignos dela.

Quero poder ouvir suas histórias, suas conquistas
E sorrir e chorar com todas elas,
E comemorar e aprender com todas elas
E perceber que, não importa que não se forme conosco
Pois , na Universidade da vida
Já és Doutora antes de nós!




Bom final de semana a todos.

Bjo, bjo, bjo.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Poesia numa hora dessa?

Peguei emprestada a expressão que Luiz Fernando Veríssimo usa na apresentação dos seus poemas para começar a falar de uma coisa que me parece emergencial neste momento: poesia. Sim... poesia, apesar de tudo levar a crer que agora não é apropriado. Depois do MTX, da Doxo, do planejamento da radioterapia, de mais uma rebelião das minhas mucosas, depois dos conflitos psicológicos, francamente: poesia numa hora dessa?
Vou explicar... andei estressada e chateada com uma sequência de acontecimentos que, por vezes, pareceram pesados demais para mim. Situações que não envolviam somente minha vida e meus dramas, mas de outras pessoas também. Maio foi um mês de perdas e despedidas e Junho chegou igualmente assim: levando para o horizonte pessoas que, em resumo, foram muito importantes. Nesse tempo, entre o choque de uma notícia e outra, fiquei procurando algo que pudesse ir preenchendo as lacunas deixadas pela saudade e também uma forma de driblar tantas dúvidas que batem no nosso coração. Independente de qualquer coisa, o diagnóstico de um câncer nos coloca no mesmo patamar... ele nos iguala de uma forma tão real que é impossível alguém se sentir em posição privilegiada ou achar que está livre da dor ou da própria morte a qualquer momento. Confesso que ultimamente tenho ficado abalada com isso tudo e me perguntado se tenho vivido e amado como deveria ou se tenho me perdido nesse mar de emoções que se transformou minha vida. No entanto, ironicamente, a morte pode nos ensinar a viver melhor.
Mas e a poesia, onde fica neste post? Nessa semana recebi uma avalanche de poemas. Não sei se foi coincidência ou providência do destino, não sei se tenho pessoas sensitivas demais ao meu lado a ponto de sentirem, mesmo de longe, que estou precisando de alento, não sei o que foi... só sei que me fez bem. 
Ainda estou "quebrada" em função das bolsinhas avassaladoras da Doxo e, por isso, meus dias têm sido mais tranquilos, sem muito esforço físico. Tenho lido coisas muito legais: Drummond, Lispector, Cora, João Cabral de Melo Neto e por aí vai... E, sem sair da minha casa, posso ir a lugares lindos, refletir, sonhar e acreditar que, de fato, tudo nessa vida passa. Estar em contato com isso tudo tem me ajudado a afastar sentimentos que não nos levam a lugar algum, nem à própria reflexão sadia sobre a vida e o que há de mais sublime nela.
Ler um poema. Escutar um poema. Falar um poema em voz alta. Perceber seu ritmo, sua música, sua comunicabilidade. E se lhe falta talento para transformar qualquer verso em algo fácil e acessível ou se você acha que poesia é coisa de gente intelectual e chata, experimete também e veja como essas pequenas coisas podem transformar seu dia.
No entanto, não encontramos poesia apenas nos livros ou nas palavras exatas... percebi que, na maioria das vezes, a melhor parte da poesia está justamente atrás daquilo que foi escrito, na entrelinha, ali, bem clandestina, fazendo jogo de esconde-esconde com sua alma, numa brincadeira que te leva a lugares desconhecidos, porém essenciais. Para mim, tem sido assim.
Onde mais podemos encontrá-la? Perto. Ao regar as plantas do jardim. Ao selecionar fotos para o porta-retrato. Dando uma caminhada no campo aberto, sentindo o cheiro da natureza. Escolhendo um vestido para almoçar com a amiga. Procurando objetos para a  casa conforme uma lembrança especial. Recebendo cartinha com flor de Jasmim.
Podemos, ainda, encontrá-la reverenciando o sol da manhã depois de uma noite de chuva. Encantando-se com o que é belo. Quando não conseguimos mais sentir prazer com certas trivialidades, nada que viermos a conquistar será suficiente, pois teremos perdido a noção do que a palavra suficiente significa. Sei que isso tudo parece fácil e que não é, mas se o primeiro passo não for dado, se a cortina de ferro entre essas realidades não for rompida, muito pouco vamos poder levar dessa nossa viagem pela vida.
Independente de religião ou crença, acredito que o que sustenta nossa existência passa pelo cultivo de um espírito de gratidão, sem penitências, culpas e outras tranqueiras. Gratidão por estarmos aqui e termos uma alma capaz de detectar o sublime no essencial, fazendo com que todo o supérfluo, que não é pecado desejar, torne-se apenas uma consequência agradável desse nosso olhar íntimo e amoroso a tudo que nos cerca.



Para terminar, deixo um poema lindo que me foi apresentado...

Dá-me a tua mão
Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

Mas logo agora que a bruxa está solta por aí, logo agora que perdi uma grande amiga, logo agora que os políticos andam perdendo as estribeiras e lavando a roupa suja no plenário, eu venho falar de poesia?
Pois é, pareceu-me bastante oportuno.
Fiquem em paz!
Bjo, bjo, bjo.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Câncer? Não. Sou de gêmeos mesmo!


Boa tarde, people!
Amanhã faço mais um MTX e resolvi dar uma olhada no meu Protocolo de Tratamento, o GCBTO. Assim, como quem não quer nada, fui lá conferir quantas QTs exatamente ainda me faltam... hehehehe!
No entanto, outra coisa me chamou mais atenção: os números do osteossarcoma no Brasil. Coloquem reparo na epidemiologia e vejam como vim parar aqui:

Osteossarcoma: fatores epidemiológicos

1. Mais comum tumor ósseo maligno em crianças
Comments: Desde o primeiro diagnóstico, eu já não era mais nenhuma criancinha... façam idéia agora.

2. Idade-pico na adolescência, no estirão puberal
Comments: Também não sou mais uma adolescente e acho que nem passei pelo estirão... meus quase 1,50m não conheceram esse tipo de evento.

3. Mais frequente em meninos e negros
Comments: Sou menininha branco-amarelo-pardo.

4. Sítios mais frequentes são os ossos longos em rápido crescimento:
Fêmur distal
Tíbia proximal
Úmero proximal
Comments: Primeiro tive um diagnóstico na mandíbula... osso curtinho, curtinho. Depois, em uma vértebra na coluna lombar.

5. Tratamento multidisciplinar com quimioterapia neoadjuvante e cirurgia melhoram os índices de cura em 60-70%.
Comments: Não farei cirurgia. A expectativa é de que quimio e radio dêem conta do recado e espero eu que o índice de cura seja 100%... hehehe!

Agora a pergunta que não quer calar: como esse tumor veio parar em mim? O que está fazendo aqui? Isso não me pertence, nunca me pertenceu... hehehehe! De uma vez por todas, sai de mim, osteossarcoma... hehehe!


Mas se a vida me propôs viver esse desafio, fazer o que, não é? Há situações em que, infelizmente, não temos muitas alternativas. É enfrentar mesmo, com a cara e coragem. Daqui uns dias, a radioterapia começa e vamos que vamos. Assim que estiver tudo certo, volto para contar para vocês essa nova fase. Reta final cheia de emoções.

Bjo, bjo, bjo.

domingo, 13 de maio de 2012

Amor de mãe

Hoje é dia das mães. Hoje? Somente hoje? Claro que não. Mãe é para todos os dias, todas as horas, todas as situações. No entanto, se o segundo domingo de Maio é destinado a celebrar a vida delas, não há motivos para não fazê-lo.
Reza a lenda que a mais antiga comemoração ocorreu na Grécia antiga, onde os povos celebravam Reia, a mãe dos deuses. Várias são as histórias que justificam a especificação desse dia e diferentes são os dias em que muitos países resolveram colocá-lo no calendário. Mas isso não vem ao caso agora. Quero mesmo é falar da minha mãe.
Ela foi e é a pessoa que mais sofreu e tem sofrido com isso tudo que tem me acontecido. E, em contrapartida, é também o ser que consegue acalmar meu coração mesmo quando o dela bate mais forte que o meu. Minha mãe pouco sabe de medicina, mas entende tudo (ou quase tudo) de quimioterapia, remédios, alimentos que aumentam a imunidade, fatores de risco para infecção e por aí vai.
O trabalho dela ao meu lado é comovente e não pensem que isso tem ocorrido somente agora... só porque estou com câncer. Minha mãe é uma incansável quando o assunto é minha felicidade, a de Lucas e Maria Theresa. Lembro-me quando éramos crianças e ela passava horas nos ensinando as tarefas do colégio, preparando nosso alimento, arrumando nossas coisas. Muitas vezes, era tarde da noite e ela estava lá fazendo suas atividades porque havia passado o dia inteiro se dedicando a nós, suas crias amadas. Vivemos no aconchego da sua proteção durante anos, até criarmos asas e alçarmos nossos próprios vôos. O tempo passou, crescemos, ficamos cada dia mais independentes, mas jamais deixamos de ser os filhotes dela.
Hoje, mais do que nunca, vivo sob a tutela da minha mãe... Junto com meu pai, ela tirou licença de seu trabalho para se dedicar inteiramente a mim. E não tem feito feio. Por mais que eu seja maior de idade, por mais que consiga me virar sozinha, por mais que assuma meus próprios atos e por mais independente que seja, sem ela agora seria impossível.
Mãe, obrigada por tudo... porque, sem clichê, além da vida, você me deu vida. Só eu sei como é bom ter você para afagar minha cabeça, fazer minha vitamina pela manhã, pegar-me no colo e me ninar quando o dia está mais escuro que a noite. Quando estou lá na sala da Verinha procurando uma veia, sei que você sofre mais que eu, que levo as furadas. Quando estou cansada, sei que você me daria todas as suas forças físicas se pudesse. Quando penso em desistir, você se vira, mas me dá coragem para seguir em frente. 
Obrigada por ter me ensinado a respeitar o próximo, por ter me dado educação, por ter pago meus cursos, por ter comemorado como ninguém quando passei no vestibular, por ter me ensinado a cozinhar, por ter me dado exemplos que jamais esquecerei. Obrigada, até mesmo, pelos puxões de orelha que, por sinal, não foram poucos. No entanto, hoje vejo que aquelas lágrimas derramadas nos castigos me fizeram uma pessoa que aprendeu a ter limites, coisa rara em muitas crianças nos dias de hoje.
Obrigada pela família que me deu... e pelo exemplo de casamento que você e dad nunca deixaram desabar. Obrigada pelos meus irmãos... por sermos pessoas dignas e unidas. Sem seu carinho de mãe, aquele tão fascinante e que nunca se esgota, talvez não seríamos assim.
Obrigada pelo seu imenso amor... um amor que não mede esforços para me vir bem, curada, feliz. Seu amor é mais forte que qualquer quimioterapia e o melhor: não é mielotóxico! Fique sempre perto de nós... com seus dramas, com suas virtudes e defeitos, tornando tudo mais fácil.



Mãe, e se agora alguém me perguntar em qual lugar mais gosto de estar, não terei a mínima dúvida em dizer que é dentro do seu abraço... que é sempre quente e seguro. Nele, não ouço o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, ele fica ainda melhor. Toda dúvida, sofrimento e tristeza se dissolve quando estou envolvida em seus braços... assim como fazia quando eu era pequenina.
Amo você.

Bjo, bjo, bjo.

sábado, 12 de maio de 2012

Finitude

Até há algum tempo, eu jamais imaginei que um dia poderia viver tantas experiências como tenho presenciado hoje. Emoções de todos os tipos, que deram uma freiada em minha vida, fazendo-me entender que, nem sempre, o airbag se abre na nossa frente. Tive uma semana difícil, não só em razão das minhas veias terem hibernado, mas porque presenciei situações que arrancaram lágrimas até dos olhos mais resistentes. E, além das lágrimas, momentos que nos levam a refletir sobre tanta coisa que mal sabemos por onde começar.
Dois anjos lindos, Júlio e Carol, bateram suas asas e voaram livres para o céu nessa semana. Crianças que mal tiveram tempo de brincar de boneca ou carrinho porque precisavam ir para a quimioterapia ou a outros compromissos que um tratamento oncológico exige. No entanto, mesmo com todas as pedras dos seus caminhos, eles passaram por muitas delas correndo, sorrindo, tendo coragem ou medo... um exemplo para lá de gigantesco. Tenho procurado entender tudo isso, mas, de verdade, é muito difícil você vir uma vida tão linda sendo ceifada dessa maneira e ainda assim ficar com o coração conformado.
Diante de tudo isso, me perguntei várias vezes qual o sentido dessa nossa vida, qual o valor que ela tem, o que, realmente, nos importa e o que devemos levar dela quando nossa hora de voar for inadiável.
Há algum tempo, fui apresentada a um texto fantástico que, antes mesmo disso tudo acontecer, já era um mandamento para mim... imaginem agora. Todavia, ontem, o reli como nunca havia feito... com os olhos e coração muito fragilizados pela já saudade dos meus amigos que se foram. Mais uma lição capaz de quebrar algumas regras do manual de instrução que recebemos logo nos primeiros anos de nossa existência. Leia e viaje nessas palavras:

Finitude 

O finito se expressa quando dou conta da existência de milhões de pessoas que jamais irei conhecer.

Para muitos, a finitude humana pode ser percebida pelas rugas que se multiplicam a cada ano no espelho, pelo vocabulário que soa inadequado ou pelo simples tique-taque do relógio pendurado na parede da cozinha. A finitude humana pode, ainda, ser detectada pelos filhos que crescem e pelos netos que nascem. A mim, a finitude se apresenta todo santo dia numa parada de ônibus, numa ciclovia, no balcão de um posto de informações. Meu carro passa veloz por uma rua e vejo um homem esperando o transporte que o levará de volta para casa. Um homem qualquer, que eu olho uma única vez e nunca mais tornarei a enxergar. Nunca mais rever é uma pequena morte.

Uma garota passa por mim de bicicleta. Mal tenho tempo de reparar se é morena ou ruiva, se sua mochila é grande ou pequena. Mas foi uma garota percebida por minha retina, que cruzou minha vista e minha vida por breves segundos, e para nunca mais. Assim como o homem que me atende atrás de um balcão, que fala comigo – fala comigo! –, me sorri e tira minha dúvida, e num instante lhe agradeço e viro as costas, e jamais saberei se ele é um profundo conhecedor da obra de Nietzsche ou um rapaz perturbado pela falta da mãe ou ainda um boçal que nas horas vagas depreda orelhões. Ele existe ou não existe para mim? Não existe.

Finitude eu sinto quando me dou conta da existência de milhões de pessoas que eu jamais irei conhecer, com as quais jamais irei conversar e interagir. De todas as que poderiam me ensinar a ser mais tolerante, de todas as que poderiam me fazer rir, de todas as que eu poderia amar ou desprezar, sofrer por elas, esforçar-me por elas, crescer através delas. Finitude eu sinto quando cruzo um olhar que não me ficará nem na memória, pois não há tempo para lembranças efêmeras. Uma vez ensinei uma menina, na beira da praia, a reconhecer as letras do próprio nome, e já não lembro que nome era esse e que menina era aquela. Nem ela de mim sabe nada. Uma cena começa e termina sem continuidade: finitude. Neste instante enxergo um senhor debruçado sobre uma varanda, olhando o movimento. Ele espia a vida dos outros, que nunca mais reverá. Eu olho para esse singelo voyeur, que daqui a instantes também desaparecerá para sempre de minha atenção. No entanto, um ser humano é o que há de mais rico. Uma vida é o que há de mais original. Surgem e nos atropelam tantas vidas, tantas pessoas para sempre inacessíveis, desperdiçadas em seu talento, em seu potencial transformador, em sua capacidade de nos emocionar. A esmagadora maioria delas passa e não fica, são flashes do olhar. Agarremo-nos, pois, às que ficam, permanecem, são reconhecíveis pelo nome e pelo trajeto percorrido em nós. Aproveitemos o material humano de que dispomos: família e amigos e amores. Escassos, raros e profundamente necessários.
Martha Medeiros
 
 
 
 
Portanto, VIVA o agora, viva mesmo, com toda intensidade e força, com tudo que você tem direito... não apenas brinque de existir. Abrace quem está ao seu lado, beije, chore, emocione-se com suas vitórias, assista a um filme junto de quem ama, tenha uma tarde incomum num dia comum, ligue tarde da noite (alô, Luciano?). Jamais saberemos quando isso tudo será interrompido e como será. Valorize quem está ao seu lado (ao seu lado!!!)... ame, apaixone-se, grite, sorria, declare-se, estude e tire 10 na prova, aprenda a falar outra língua... dê a você e aos outros o prazer de viver e conviver. Nossa vida é uma só até que se prove o contrário. E essa é a única chance de sermos felizes, assim como fizeram Júlio e Carol, apesar de tudo. 
Bjo, bjo, bjo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Vamos subir, hemoglobina!

Nesta semana vivi uma avalanche de emoções... Na terça-feira, tive consulta para planejamento de um novo ciclo de quimioterapia e início da radioterapia. Uma consulta normal, como estou acostumada a fazer nesse dia da semana.
Entretanto, meu hemograma estava uma pobreza só. Plaquetas baixas, leucócitos mais ou menos (Granulokine e seus efeitos fantásticos, por onde andou em meu corpinho?), hematócrito deplorável e hemoglobina... aaahhh, minha hemoglobina: 6! Isso mesmo... 6... uma verdadeira tragédia. Nesse momento, entendi o motivo da frequência cardíaca de 175239 batimentos por minuto, a fraqueza nas pernas ao subir meio lance de escada, tontura e sensação iminente de desmaio. Tudo isso junto e misturado. Resultado: quimio adiada e, de quebra, 2 bolsas de sangue para me levantar, definitivamente, desse estado "Jeca Tatu".
Mais uma vez, precisaria de uma veia, aliás, de um veião para transfundir. E aí... OMG! Coitada de Verinha... hehehe! Contando com a ajuda mega especial de Ju Pepe, bingo! De primeira, ela conseguiu um acesso e, na terça mesmo, comecei. Com muito custo, depois de 4 horas, 80% da primeira bolsa desceu, vencendo o prazo.
Como já era tarde da noite na terça, a segunda bolsa ficou para ontem. Óbvio que guardei o acesso, mesmo sabendo que ele já tinha dado todos os sinais de falência. Não foi diferente... na hora de lavar o acesso, veio aquele choque e "splash"... adeus, veia! Aí começou um dos maiores dramas que vivi no GRAACC.
Após inúmeras tentativas (inúmeras mesmo, sem drama), depois de Verinha pegar muita veia excelente e ela estourar, depois de Ju e Ana também tentarem, depois de quase 3 horas de tentativas frustradas e depois da decepção e desespero de todo mundo e dos meus braços não oferecerem mais nenhuma opção, não restava mais nada a fazer. Chorei, mãe chorou, pai ficou calado... as meninas da enfermagem não sabiam nem o que dizer. Todos esgotados.
Por fim, a médica plantonista me mandou para casa, depois que meu exame apontou uma subidinha da hemoglobina (não foi lá aqueeeela subida), mas foi o suficiente para eu ficar menos taquicárdica e mais animada, sem a sensação de ter corrido uma maratona inteira quando, na verdade, dei dois passos.
Hoje, Dra. Carla (ela, sempre ela), com toda tranquilidade do mundo, com seu olhar sereno e confiante, me liberou da segunda bolsa. E não pensem que foi uma atitude irresponsável dela... muito pelo contrário. Carla Renata Macedo sabe muito bem o que faz e não houve, até hoje, um momento em que suas decisões não fossem certeiras. Adoro demais. Quero ser assim quando crescer.
Estou bem, aliás, estou ótima. A notícia de que eu não precisaria da segunda bolsa de sangue foi recebida com muita felicidade (haja coração) por todos. Alegria geral... hehehehehe! Com beijos e abraços. Porque caso contrário... aiai! hehehe... Tome de picadas infrutíferas!
No entanto, quero deixar registrada aqui a imensa gratidão que tenho pela equipe de enfermagem do GRAACC. Uma equipe que, apesar de dispensar comentários, não vou deixar de fazê-los.
Sempre acreditei que, quando uma pessoa se dispõe a fazer algo, ela tem que realmente entrar no jogo. E eu vejo isso todos os dias no hospital. As meninas da enfermagem entram no clima mesmo... porém não é no clima ruim de um hospital do câncer. Pelo contrário... para ser bem sincera, é difícil você lembrar que está gravemente doente quando é recebido às 6 da manhã com um sorriso no rosto, com um abraço sincero, com um olhar que cura. Ontem fiquei emocionada com o carinho delas... minhas enfermeiras queridas, que me fizeram chorar de gratidão ao final de um dia difícil. Muito mais que enfermeiras, elas são minhas amigas, pois torcem por mim e se alegram com minhas vitórias como se fossem delas também. Se eu sofro, elas sofrem e ontem, tenho certeza, se alguma delas pudesse, me doaria a melhor veia que tem. A quimioteca é um ambiente que tem de tudo para ser triste, mas é super feliz... e isso se deve à elas, sem sombra de dúvidas, pois fazem questão de serem agradáveis. Tenho aprendido muito nesses meus dias a ser um pouquinho melhor. E tenho tido mestres incríveis.



Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se! Não precisa virar um mestre nesse quesito, mas ao menos agracie seus semelhantes com um sorriso. Não dói. Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.
Ou então faça de outra maneira: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.
Enfim, seja mais um a colaborar para melhorar um pouco a vida do outro e a sua própria.

Bjo, bjo, bjo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Além do horizonte

Muitos aqui já escutaram e ouviram "Além do horizonte", belíssima canção de Roberto Carlos. Entre outras frases espetaculares, considero esta bem especial: "Lá nesse lugar, o amanhecer é lindo, com flores festejando mais um dia que vem vindo...".  Certa vez, fiquei pensando se esse lugar realmente existia e como deveria ser bom viver lá, com tanta paz e harmonia... como deveria ser incrível desfrutar de toda essa felicidade. E desejei muito estar lá, juntamente com quem amo. Viajei, em pensamento, para esse paraíso e resolvi "esperar" por esse dia, como se isso encerrasse um processo e iniciasse outro ao mesmo tempo... tipo uma passagem, um "prêmio" em retribuição aos infortúnios da existência.
No entanto, os últimos acontecimentos da minha vida têm me mostrado que esse meu pensamento é totalmente frágil e surreal. Durante muitos anos, fiquei à espera desse lugar e só agora descobri que ele já existe para mim, para você, para todos nós. Existe e é palpável por meio de pequenos momentos de alegria que acontecem em praticamente todos os dias. O problema é que sempre esperamos coisas muito grandes acontecerem para aí falarmos que estamos, de fato, realizados e plenos. 
Foi em meio ao furacão da doença e do tratamento que aprendi que posso viver além do horizonte mesmo estando fazendo quimioterapia e vivendo no limite entre vida e a morte. E você também pode e, para isso, não precisa estar doente. Tenho tido dias incríveis porque comecei a entender que um dia feliz é aquele em que você pode acordar e olhar o sol radiante, pode tomar um copo dágua, pode comer e sentir o sabor das coisas, pode olhar para quem ama, pode abrir os braços e dar um abraço gostoso (tipo malwee), pode sorrir e chorar, pode viver todo tipo de emoção.
Semana passada estive mal... Granulokine, mucosite, desânimo, irritabilidade. Vi minhas "férias" escaparem das mãos feito areia, mas mesmo assim procurei meu horizonte. Desde que descobri que posso ser pelo menos um pouquinho feliz cotidianamente, isso tem sido um exercício para mim. Fiquei arrasada (no sentido mais exato da palavra) durante uns 7 dias, mas, ao mesmo tempo, recebi tanto amor das pessoas que estavam comigo que consegui perceber a "piscadinha" da felicidade. Ela estava lá... tímida, é fato, mas a cada abraço do meu irmão e a cada olhar carinhoso dos meus pais, eu sentia o coração bater mais forte e aquela onda de paz e alegria invadia minha alma, apesar de tudo. Até as lambidinhas dos meus cachorros eram demonstrações irrefutáveis de carinho. E, quanto mais as pessoas demonstravam amor por mim, maior era minha vontade de reconhecer e sentir que esses dias também podem ter algo bom. Confesso que nem sempre ando conseguindo ver pelo menos um raiozinho de sol em dias nublados. Há períodos em que o tempo fecha mesmo, não permitindo nem aos mais otimistas e felizes serem exemplos a se seguir. Todavia, se não aprendermos a encontrar prazer em situações aparentemente comuns, vamos nos acostumar a condicionar a felicidade sempre à situações novas: "Fui promovido", "Engatei um novo amor", "Contemplei uma bolsa de estudos", "Fui ganhador da mega sena" e por aí vai... O problema é que novidades envelhecem e, assim, criamos um ciclo vicioso em que as doses do inusitado precisam ser cada vez maiores para sermos felizes.
Exigimos muito da vida, mas pouco fazemos para reconhecer o que ela nos proporciona. Exigimos das pessoas, mas esquecemos que nós próprios somos os grandes modificadores da nossa alma. Exigimos da sorte um papel que não cabe a ela. Exigimos da felicidade algo que ela nos dá e, cegos, não reconhecemos. Enfim, adoramos exigir tudo, mas detestamos reconhecer pequenos horizontes. O que nos importa mesmo é o faraônico.
A partir de agora, quero encontrar nos pequenos detalhes motivos para me alegrar com o dia de HOJE. Presente... momento único das nossas vidas em que temos a oportunidade de sermos melhores e mais felizes. Se pensarmos bem, é a única garantia que temos... sabemos quase nada do amanhã, muito embora não possamos deixar de pensar também nele.


"Uma nuvem não sabe porque se move em tal direção. Sente um impulso... É para este lugar que devo ir agora. Mas o céu sabe os motivos e desenhos por trás de todas as nuvens, e você também saberá, quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes."
Richard Bach

Bjo, bjo, bjo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Muito frio? Chocolate quente...

Boa noite, people!
Aqui em São Paulo as temperaturas baixaram geral e o frio está de cortar. De dia, 12 graus, e, agora à noite, sensação térmica de 6 graus na rua. Quem resolveu dar um passeio no feriado sentiu na pele (literalmente) o efeito das massas de ar frio que resolveram fazer uma visitinha por aqui... hehehehe!  E olhem que não é inverno... Estamos um pouco longe disso. Outono ainda bomba nos calendários...
E o que isso tudo nos lembra? Cobertor, sessão cinema em casa e bebidinhas quentes. E, por isso, chef de cozinha que sou, resolvi passar para vocês uma receitinha delícia que minha amiga Sophia sabe fazer como ninguém: Chocolate Quente! Huuum...
É simples, fácil e você pode até fazer uma super média com seu namorado/marido/companheiro/amigo/família... hahahaha! E, você, que ainda faz quimio ou precisa ganhar peso, tem a doce consolação das calorias a mais... hehehehe!
Vamos lá:

Ingredientes:
  1. 2 xícaras (chá) de leite
  2. 3 colheres (sopa) de chocolate em pó (gosto dos que têm muito cacau, com pouco açúcar)
  3. 4 colheres (sopa) de açúcar (mas eu troco o açúcar pelo mel... mas aí tem qua dar uma maneirada na quantidade porque pode ficar muuuuuuito doce)
  4. canela em pó ou lascas de canela (como preferir)
  5. 1 caixa de creme de leite
Modo de Preparo:

Bata no liquidificador o leite, o chocolate em pó e o açúcar/meu. Despeje em um recipiente, juntamente com a canela. Leve em fogo baixo, mexendo sempre, até ferver. Desligue, adicione o creme de leite e mexa até ficar homogêneo.
Prontinho. É servir e se aquecer!


Bom apetite!

Bjo, bjo, bjo.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Minhas amigas

Desculpem-me os amigos homens, mas hoje esta postagem vai ser toda trabalhada para ELAS... minhas queridas amigas, parte fundamental da minha vida. Diretamente do salto alto!
Mário Quintana já dizia: "A amizade é um amor que nunca morre". Tenho aprendido isso nesse tempo em que estou "longe" das minhas amigas, aquelas que choram e riem comigo, independente da situação. O tempo passa, as rugas nascem, os corações se partem, mas as amigas ficam.
Na despedida de Montes Claros, inúmeras vezes, segurei as lágrimas ao dar um abraço em cada uma delas... e, numa fração de segundos, um filme passou em minha vida e minha vista, deixando-me com uma saudade tão grande do que já tínhamos vivido que, hoje, eu só posso agradecer por tudo. Mas eu me enganei achando que já as conhecia bem. Eu (RE)conheci minhas amigas agora, na distância, na doença, no sofrimento, na preocupação, no carinho, na comemoração de cada etapa vencida. Reconheci nas cartas lindas que me escrevem, nos lenços, nas almofadas, nos chocolates, nas mensagens, nos telefonemas, nas declarações sinceras de saudade, nas visitas.
Além das que eu tinha, ganhei muitas outras, unidas diante de tristezas e celebrações. Um presente nesse momento especial (sim, especial... minha vida não é uma tragédia grega!), em que tenho a oportunidade de me conhecer também, de uma maneira como poucos têm a oportunidade.
Cheguei à conclusão de que precisamos de mulheres à nossa volta e, se forem nossas amigas, melhor ainda! Mãe, avós, tias, primas, irmãs, cunhadas.
Confesso que, às vezes, somos mais chatas que os homens, porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e companheiras, seja na farra ou na roubada. Minhas amigas, um contingente de bálsamo ao meu redor, andam me fazendo esquecer as alfinetadas da vida, oferecendo sempre um sorriso ou uma lágrima, dando uma boa dica de filme imperdível, de uma loja barateira ou não, e até mesmo de receitas para fazer a alegria dos meus adipócitos.
Competitivas? Talvez, mas isso não corrompe em nada nossa predisposição para o afeto, a compreensão dos medos comuns a todas, a longevidade de nossos pactos, a humildade para reconhecer quando estamos erradas e a nossa natureza de leoas, capazes de defender uma a outra, como uma mãe briga pelo filho.
Com minhas amigas, aprendi a compartilhar minhas virtudes e pecados, aprendi o quanto somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo e como qualquer liquidação nos fascina. Brigamos, é verdade. Já tive desavença com muita gente, mas as amigas que, de fato valem a pena, ficaram aqui, lotando meu coração (ai, como amo!). Já me desentendi com tantas outras, mas para que temos unhas grandes? hahahahahaha... Todavia, em compensação, nascemos com o dom de detectar o sagrado das pequenas coisas e é, justamente, por isso que uma amizade nascida na escola pode fazer bodas de prata, ouro, diamante...












Sorry, girls! Não estou encontrando foto de todas! Mas prometo ir atualizando. Se quiserem ir mandando fotos inéditas, estou à disposição!

Puro Glamour!

Bjo, bjo, bjo.